quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Linda arte.


"Voinho, qual o seu maior medo?". Essa foi a pergunta de uma menina inocente, que não entende muita coisa da vida.
"Meu maior medo? Não tenho medo de nada, menina."
Aquela resposta me deixou um tanto quanto intrigada. Insisti.
"Como assim, voinho? Como você não tem medo de nada?"
Ele riu. Aquele sorriso de quando alguém acha engraçado determinada ação de uma criança.
"E você, tem medo de quê?"
E eu parei para pensar... Pouco tempo depois, respondi: "Tenho medo de perder você e voinha".
Ele novamente riu. E disse: " Olhe, minha filha... É a Biologia: Nasceu, cresceu, morreu... Mas deixe de pensar besteira."

E então foi assim que vivi toda a minha vida. Sempre com esse medo no meu coração de perder meus avós.
Costumo dizer que não tive um avô. Tive mais que um pai.
Um alguém que se dedicou sem a menor obrigação para me dar tudo do bom e do melhor.
Alguém que me ouvia, que me ajudava, que me acolhia e principalmente, me amava.
Me sentia protegida pelo meu avô. Ele transmitia o sentimento de paz para mim.
Eu, com pouca maturidade, achava que nada poderia me atingir enquanto ele estivesse por perto.
E sucedeu.
Durante os meus dezessete anos de vida ao lado do meu VOINHO, nunca nada me atingiu.
Sempre ouvi os conselhos mais sábios, as palavras mais certas, embora duras e secas, de como agir.

Gordo Lindu me ensinou muita coisa, isso é fato.
Mas principalmente, me ensinou a ser gente.
Sempre dizia: "Estude para ser alguém na vida".
E continuo seguindo os conselhos do meu pai.
Me ensinou a superar pequenos detalhes, a não ter tanta pressa, a simplesmente deixar as coisas agirem naturalmente.

Meu avô é meu orgulho.
Aprendi a amar e a valorizar a arte, a cultura, a História.

Sempre com respostas para todas as indagações. Esse era meu Lindu.

Meu voinho se foi. Mas deixa comigo, além da saudade, meu caráter... Tal construído com as bases de seus ensinamentos.
Sentirei saudade do aroma forte de seus cachimbos... De ver suas garrafas de vinho ocupando espaço na geladeira.
De ouvir sua televisão ligada até tarde nos noticiários... De ouvir a parte do seu gabinete abrindo e de seus passos calmos e arrastados se aproximando.

Realmente... Linduarte.... A mais linda arte.